quarta-feira, 29 de outubro de 2014

TED com Marcia Tiburi sobre filosofia (e redes sociais)

Hahahha (desculpem, eu tinha que rir)

Eu acho o Facebook um local de discussão complicado. Inclusive, durante o período eleitoral, tentei me informar o máximo possível através dele, mas me mantendo também afastada. Então, eu lia críticas ao governo e à oposição, a todos os candidatos e comentários sobre todos os debates, mas fazia isso com muito cuidado, e bem escondidinha. Na moita.

Eu tinha que encontrar textos muito tolerantes para ser capaz de ler, textos cujos autores conseguiam falar dos candidatos e de suas propostas sem demonizá-los, sem menosprezá-los. Cada vez que eu via um texto extremamente intolerante, eu tinha vontade de me isolar, e acabei não postando absolutamente nada por lá durante o período eleitoral. Eu estava só observando... [dois olhões do whatsapp]

E eu observei coisas absurdas, mas isso todo mundo observou. Eu não tenho como falar sobre isso trazendo nenhum elemento novo, todo mundo estava lá, todo mundo viu. Mas Marcia Tiburi, na apresentação abaixo do TED, fala sobre como a filosofia, o pensar dialético, encontra um espaço interessante nas redes sociais, exatamente pela possibilidade de trocas. Ela comenta também, brevemente, sobre como muita gente usa o Face apenas para jogar o seu discurso já pronto, sem nenhuma vontade de mudar de ideia, de trocar ideias. E nisso é que está o pior do face para mim: muita gente fica lá só se exibindo para os seus iguais, tentando se mostrar tão bonitão, tão democrático, quando na verdade já vai logo jogando pedras nos outros quando eles não são iguais, não é mesmo?

Cansei de ver pessoas esculhambando umas às outras, pessoas dizendo que tinham vergonha das outras, chamando de "petralha", chamando de "coxinha", com muito orgulho da própria forma de pensar e com toda aquela empáfia de deixar bem claro como são superiores, como se acham melhores que as outras, às vezes até dando aulinhas por aí.

Pois eu concordo muito com o que Marcia diz no vídeo sobre como a vergonha da gente (e a consequente vontade de mudar aquilo que a gente vê de errado na gente) é que nos leva a melhorar, a seguir em frente, a pensar criticamente. Porque, se eu já sou perfeita, para quê melhorar? Melhorar o quê, não é mesmo?

Pois eu tenho vergonha. E não é só vergonha alheia, não. (Essa eu também tenho, rs). Tenho vergonha, principalmente, dos meus próprios erros.

[Exemplo: é por ter vergonha do meu próprio machismo (não apenas daquele que eu vejo na sociedade, mas principalmente do que vejo em mim mesma) que sou feminista. Por ter os meus próprios demoninhos que preciso tentar melhorar. Será que é este o caminho do meio? Como me disse meu avô: in medio virtus. Preciso ser (feminista e muitos outros "istas") para melhorar a sociedade, mas principalmente para me melhorar. Eu não sou feminista para declarar uma guerra contra os machistas, por exemplo. Sou feminista para combater o machismo e, principalmente, aquele que está dentro de mim mesmo (só para deixar bem claro: eu não me considero uma pessoa machista. Mas, vivendo eu em uma sociedade machista, de vez em quando percebo merdinhas enraizadas na minha cabeça. Me choco, sinto vergonha e vou correndo pensar em uma pessoa melhor para eu ser).]

De quê serve publicar aaaaaltas coisas nas redes sociais se você não tem a menor intenção de mudar de ideia, de trocar ideias?  Estar aberto a mudar de ideia é ter a verdadeira vontade de diálogo.

***NÃO DEIXEM DE VER O VÍDEO!!!***



Obs.: Se você encontrar algum errinho, por favor, me avisa? :) Não tive tempo de revisar.

10 comentários:

  1. Anônimo10/30/2014

    Ótimo exercício pra reflexão, adorei o texto, adorei o vídeo, tu és linda por dentro e por fora! :*

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  2. Anônimo10/30/2014

    Adoreeeeeeeeeeei o texto. Muitíssimo bom. Só é ruim quando a pessoa finge que quer mudar de ideia, haha, se não quer, não finja, diga logo que não vai mudar. Acho isso muito triste (não estar disposto a mudar de opinião). (E vou ver o vídeo depois porque não posso agora, mas tinha que comentar o quanto gostei do texto). Beijo, Taís

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    1. Que booom! hehehe

      Então, qdo a pessoa finge (normalmente, pelo q eu percebi no face) é bem cansativo e não leva a lugar nenhum... :(
      Mas, às vezes, a pessoa fica falando, falando e (acredito que) nem percebe que não quer mudar de ideia!

      Depois de ver o vídeo, diz aqui o q achou, tá? :*

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    2. Anônimo10/30/2014

      Adorei o video, vi, mas quero ver de novo pq é bem denso, de um jeito bom! Adoro idéias assim que me sacodem um pouco. Sim, essa ideia de ter vergonha é muito bom e me lembra um TED q não sei se já te mandei, sobre vulnerabilidade, é fantástico ele tbm... Um exemplp meu é que busco praticar o altruísmo pra combater o egoísmo que ha em mim, nunca tinha pensado nesse formato, mas é bem isso... Assim como o feminismo...

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    3. Menina, o negócio da vergonha é verdade com muita coisa! Acho que é porque a vergonha nos deixa culpados, e aí queremos corrigir. Ainda bem que o cérebro da gente vem com isso "instalado" sem a gente ter q entender o mecanismo antes! xP Mas eu também nunca tinha pensado nisso antes do vídeo. <3
      Eu já vi essa da vulnerabilidade sim, mas achava que tinha sido no Desopilar...

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  3. Luciana, vi o vídeo e adorei! Eu estou nesse processo de "já que não quero deletar de vez o facebook, vou tirar da minha timeline todo mundo" e aí só aparece pouquíssimas pessoas e algumas páginas que curti. Passo menos tempo por lá, não vejo briga e não me dá a (inevitável) tristeza de ver pessoas queridas (outras nem tão queridas assim) sendo tão intolerantes e fechadas para o debate. Agora eu tenho que parar de ler comentários do Youtube, que são os piores mesmo, talvez ler só os de vídeos do pessoal da nerdfighteria e dos booktubes que sigo, que são os únicos em que as pessoas parecem ter empatia e ponderar antes de publicar um comentário na internet. Que bom que você voltou a postar, eu vou ver se me inspiro em você e posto mais também! :*

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    1. Bora postar, Caroool! A gente é um time! huaauha Pelo menos um estímulo uma pra a outra é sim...
      Menina, eu nunca leio comentários no YT... Acho q fico com preguiça porque sempre tem milhõõões!
      Sinceramente, não sei o que está dando nas pessoas. Eu torço para que as pessoas reflitam se estão sendo intolerantes para tentar mudar isso (eu mesma tô aqui fazendo esse post toda bonitona mas não sou muito tolerante... Fuén! Mas vou melhorar! hehehe)

      Também acho muito válido dar aquele unfollow maroto em quem não contribui e só faz menosprezar os outros!

      Quando foi que eu dormi e acordei com o mundo assim intolerante? :(

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  4. Lu! Parabéns pelo texto! Ficou bem legal! Achei melhor que o video, que me deu sono até mais ou menos os 11 minutos iniciais.

    O Facebook pode ser uma ferramenta muito útil para fortalecermos nossa tolerância. Por lá teremos contato com as mais diversas opiniões e, muitas vezes, elas são carregadas de sentimentos negativos. Mas é saudável mantermos contato com eles, se pudermos domá-los.

    Há uma frase de Goethe que é quase um mantra pra mim:

    "O talento molda-se na solidão; o caráter, na convivência".

    O caráter, quando é bem formado, resiste às divergências. E, acima de tudo, resiste sem que ofenda os outros. Se há uma característica essencial no homem, é pensar diferente do outro. Nós temos que aprender a lidar com isso, se quisermos sofrer menos.

    O isolamento é um tipo de desistência. Por pior que seja a sociedade, nosso dever é não tentarmos descartá-la, por causa dos erros de muita gente, mas vivermos dentro da multidão, e sairmos imunes. É ainda melhor quando, além de imunes, deixamos nossa mensagem de paz.

    PS.: isso é só minha humilde opinião; por favor não pense que sou um dos que quer dar aulinha sobre a vida - porque sobre ela, ainda sei pouco.

    Bjs

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    1. O isolamento, no meu caso, É a desistência! hehehe Porque eu sei que não tenho o poder de mudar aquelas pessoas mais agressivas (forma mais agressiva que o conteúdo em si), então eu só me distanciei, mas continuei lá, na moita! rs. Agora estou ensaiando voltar porque concordo ctg: a gente tem que participar e tem q aprender a "se proteger" dos agressores...

      Não dou unfollow nem bloqueio ninguém por pensar diferente de mim, mas, sinceramente? Não quero ver pessoas cuspindo ódio na minha timeline, rs. Se acho que a pessoa acrescenta em outros assuntos, não descarto não! Só que não dá pra não fazer uma curadoria no face, senão é coisa demais! O meu critério tem sido o tom do discurso dessas pessoas.

      Não acho que vc dá aulinha não! hehehe E sempre saio melhor das conversas com vc, pq, até qdo diz uma coisa de cujo conteúdo eu discordo, fala com respeito, e eu gosto disso!
      ;**

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