segunda-feira, 25 de março de 2013

Tag: Livros Reconfortantes

Oi Pessoal! :) Eu respondi à Tag Livros Reconfortantes, criada pela Denise Mercedes, do Canal Meus Olhos Verdes. Achei muito legal a ideia. Abaixo, as minhas respostas. Carol, te tagueio! (#neologismos) hehehe E eu sei que eu tenho uma tag sua para responder, mas o meu GoodReads não está tão completo quanto eu gostaria...! Quando eu tiver mexido mais por lá, respondo a tag.



Drummond tentando aprender a ler, rs.
  1. Qual livro tem o poder de despertar memórias boas da sua infância? (Cite até três.) 1- Não lembro exatamente o nome, mas um livro que me desperta ótimas memórias reconfortantes da minha infância é um enooorme de Contos de Fadas que era meu e do meu irmão e meu pai (às vezes, minha mãe) lia quando colocava a gente na cama. Eu tenho poucas memórias da minha infância, então não me perguntem como eu me lembro disso! Eu lembro que eu pedia mil vezes para ouvir A Princesa e a Ervilha e que Bruno odiaaava, hehehe. 2 - Lembro também de ter adorado Pollyanna (que eu até citei aqui no blog outro dia), de Eleanor H. Porter. Eu acreditava que eu era uma exímia jogadora do "jogo do contente". A personagem aprende esse jogo com o pai e eu achava que tinha aprendido com o meu também, porque foi ele que me deu o livro, rs. Eu me lembro de um penduricalho que Pollyanna tinha na janela do quarto e que eu achava lindo (!), ai, como me identifiquei com ela! kkk
  2. E da sua adolescência? 1 - Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban; 2 - HP e o Cálice de Fogo. Eu consigo ver as pessoas desistindo de mim como blogueira porque eu falo de HP sempre, mas eu não posso evitar, ainda mais se me perguntam sobre a adolescência! Para esse post não ser um desperdício completo, eu faço, então, uma revelação bombástica: sonhei demais que eu saía com Harry, Hermione e Rony "em busca de aventuras". E às vezes eu era até algum deles. Não, eu não tenho medo do rídiculo... Pelo menos, não muito. :P 3 - Outro que eu adorei ter lido na adolescência que abriu as "portas da percepção" (para uma adolescente, ok?) foi O Mundo de Sofia. 
  3. Um livro que você relê sempre para te trazer bons sentimentos: Ok, quem estivesse pensando mal de mim pelo clichê acima, prepare-se para algo, no mínimo, inusitado: para trazer bons sentimentos, eu adoro reler O Diário de Anne Frank. Não, eu não sou perturbada / nazista. É só que o livro não é tããão triste quanto a maioria das pessoas (que não leu!) pensa. Sim, é horrível o fato de eles estarem boa parte do livro em um esconderijo, mas ela lida bem com isso e o fato de uma adolescente conseguir, em certa medida, até ser feliz naquelas situações me dá a impressão de que a vida vale a pena em quaisquer circunstâncias. Vai dizer que isso não é reconfortante? (É quase como um A Vida É Bela em forma de livro. É triste, mas desperta bons sentimentos.)
  4. Qual seu gênero literário mais reconfortante? Crônicas brasileiras! O texto curto já é uma coisa linda por poder trazer alguma emoção em dose homeopáticas. Junte isso à poesia de alguns de nossos cronistas e temos uma receita perfeita para tardes de sábado chuvosas, melancólicas e sonolentas. E, não se preocupe, depois da crônica, a melancolia passa! Se você estiver no Recife, provavelmente, até a chuva vai passar. :D
  5. Qual o seu escritor mais "reconfortante"? Drummond! Enquanto cronista! Eu sou meio negação em poesia, mas estou trabalhando nisso...
  6. E a escritora que você procura quando quer conforto para a alma? Sei lá, esta seria uma pergunta difícil se fosse aberto em relação ao gênero, imagina assim! Serve Rowling? :P Eu normalmente não procuro conforto para a alma nos livros. Recentemente vi um vídeo de Patrícia Pirota falando como Sêneca fazia ela se sentir melhor, até comprei este livro, mas ainda não li, então não posso dizer nada sobre ele. De qualquer forma, ele é homem...
  7. Um livro para dias de fúria: "A Garota que Brincava com Fogo"! Eu não li ainda, hahaha. Mas eu li "Os homens que não amavam as mulheres" e esse é o próximo da trilogia e parece extremamente instigante e furioso, hehehe. Quem sabe eu o começo num dia de fúria mesmo...
  8. Um livro para momentos de tristeza ou melancolia: Algum com fotos fofinhas de gatinhos. Se eu estiver muito triste não fico em grandes condições de leitura. Mas se a situação não estiver tão precária eu consigo ler Mafalda. :)
  9. Um livro que remete a algum momento muito bom da sua vida (e por quê): "A Garota das Laranjas", de Jostein Gaarder (autor de O Mundo de Sofia). Porque me lembra da maravilhosa época do início do Ensino Médio, em que a vida era bela e cor-de-rosa e eu não sabia que em pouco tempo eu ia ter muitas responsabilidades a mais (sim, eu sei que depois piora!). Eu ainda não tinha escolhido (e mudado de ideia) o curso para o vestibular e, sinceramente, estava pouco preocupada com isto. Me lembro que quando começavam a falar em carreira e como esta era uma escolha para a vida toda (e como éramos jovens para fazê-la) eu pensava que não precisava me preocupar com isso tão cedo (ledo engano) e sentia uma apreensão bem no estômago (ou seja: um vislumbre do futuro). Mas a vida era bonita naquela época... #velha (Ah, sim: isso tudo não tem nada a ver com o livro, é só o que eu costumava ler à época. Mas a história é muito bonitinha (cliquem no link da Wikipédia), fiquei com vontade de reler.
  10. Um livro para provocar emoções boas: (essa tag não está se repetindo, não? rs Achei essa pergunta muito parecida com a 3.) "Um Dia" *resenha daqui do blog*, de David Nicholls! É lindo. Mas também vai provocar tristeza, porém com uma mensagem de esperança no fim! Hehe Isso não é spoiler não, né? De qualquer forma essa foi só a minha interpretação...

sexta-feira, 15 de março de 2013

Inveja de quem consegue ler no ônibus

*Aplica-se também ao metrô*


   Inveja é uma coisa feia, eu sei, eu sei! Mas esta é uma das verdades da vida: tenho muita inveja de quem consegue ler no transporte público. Eu olho para uma dessas pessoas e as considero praticamente zen budistas. Às vezes eu também consigo, mas tem gente que lê MUITO assim! Sério?? Como vocês conseguem essa façanha? Abaixo, algumas das coisas que mais atrapalham minha leitura no ônibus(!): [Quem tiver sugestões de como driblar estas broncas, por favor, comenta! rs Agradeço desde já!]
  1. Paranoia. (Olha, "paranóia" agora é sem acento! Obrigada por me lembrar disso, corretor ortográfico do Blogger!) Admito, além de invejosa, sou paranoica (que também não tem mais acento). Fico esperando um assaltante entrar a qualquer momento no ônibus e levar toda a minha riqueza (que em geral se resume ao celular e ao Ipod -salvação nos ônibus!). Só sossego quando chego à segurança do campus (aham).
  2. Sono. O horário que eu costumava ir de ônibus para a faculdade (agora estou no limbo dos desempregados pós-faculdade e pré-primeiro emprego) era logo depois de acordar (não diga!). Eu já tinha que me concentrar demais em manter os olhos abertos para não  para não perder a parada, como vou conseguir LER?
  3. Calor dos infernos. Aqui no Recife, temos duas "estações": uma em que chove quase torrencialmente e outra em que o sol brilha sem medo de ser feliz ou de nos causar câncer de pele. Então, na metade muito quente do ano você fica em estado semi-vegetativo dentro do ônibus, tentando não deixar os braços muito próximos do tronco para ver se passa um arzinho e pedindo a Deus para o seu local de destino ter ar condicionado. E na metade não-tão-quente-assim do ano... chove. Isso significa janelas fechadas. Então, além de todas as preocupações anteriores, eu ainda tenho que me preocupar em conseguir oxigênio suficiente para não desmaiar em um ônibus lotado. (Sim, porque corre o risco de eu nem ser socorrida! Ônibus lotados são quase um estado de natureza das relações humanas).
  4. Música alta dos outros. Amiguinho, desliga isso aí ou bota um fone de ouvido! É verdade que há uma lei que proíbe som alto no transporte público? Espero que sim. Sério, não consigo me concentrar! É uma situação tão absurda quanto seria se eu chegasse perto de alguém que tá quieto ouvindo música no seu canto, dessa uma "simpática" cutucada no ombro, tirasse o fone do ouvido da pessoa e perguntasse o que ela pensa sobre o livro que eu estou lendo!
  5. Ter que "surfar" no ônibus enquanto seguro o livro aberto. Ai, como amo as empresas de ônibus! Amo também a prefeitura do Recife e o governo do estado... Precisamos (!!!) de uma frota maior! Mas mesmo quando você percebe que uma linha está com mais ônibus, tem aqueles horários críticos em que toda a humanidade tem que caber no mesmo ônibus. Eu preciso me esforçar muito para me lembrar da última vez que consegui fazer uma viagem inteira sentada. Mas eu QUERO ser uma Pollyanna e pensar pelo lado bom: assim que eu aprender a nadar, serei uma surfista excepcional: já pratiquei muito a bordo do CDU/Várzea!

Aposto que se Obama fosse daqui ele ia achar que isso era ainda mais importante que o serviço de saúde. As pessoas podem MORRER aí!!!

domingo, 10 de março de 2013

"Um Dia" de David Nicholls

   Este livro eu também li ano passado, gostei bastante. Achei uma história bem "vida real": dois amigos que dormem juntos uma noite e depois passam anos sendo só "bons amigos". Mas eles nutrem sentimentos bem especiais um pelo outro (quem nunca?) e nós acompanhamos vinte anos das suas vidas, "nos reencontrando" com eles todo dia 15 de julho, grande sacada! A história começa em 1988 e vai até 2007, então o autor, David Nicholls foi muito feliz com esta ideia, porque nós conseguimos ver o desenvolvimento da história e as nuances dos caráteres dos dois personagens e dos relacionamentos deles com outras pessoas, sem que o livro fique cansativo. Quem tiver mais de 40 anos talvez até se emocione com algumas referências "de época" no começo do livro, afinal Emma e Dexter têm mais ou menos 20 anos em 1988. Você vai torcer por eles e, *NÃO É SPOILER* no fim do livro, vai ter muita, muita raiva do autor... Mas é assim que a vida é.

   Fiquei louca para reler o livro, inclusive porque eu li ele em inglês e apesar de (em geral) ter ficado feliz com a minha compreensão dele, depois quero entender tuudooo. Além disso, como fala-se do amadurecimento dos personagens, aposto que tem coisa que eu só vou entender quando amadurecer mais.

   Se você for mulher, prepare-se para sentir muita raiva de Dexter. Mas aposto que, se for homem, vai rolar uma camaradagem masculina e você vai achar ele um cara legal. Mas não o tempo todo. Acho que Dexter é um anti-herói na verdade porque ele faz muita merda! E não, isso não foi spoiler porque todo mundo faz merda na vida hahaha, e eu não disse QUAIS as merdas que ele faz.

   Emma é super-fofa, quero muito ser como ela quando eu crescer. Segundo Guilherme, estou no caminho certo porque bem no primeiro capítulo ela tem uma conversa bem viajada com Dexter em que ela fala coisas sobre o que vai acontecer no futuro. O engraçado é que ela fala sobre essas coisas com muita "certeza". Enfim, me identifiquei muito com Emma. :) Leiam o livro, ele é emocionante, engraçado e, apesar dessas coisas que eu disse, é um livro leve e alegre.

   Se você ainda precisa de mais motivos para ler este livro AGORA, saiba que várias das minhas amigas o leram em apenas *dãn!* Um Dia. kkk Sério, ele é tão bom que elas engoliram o livro. Eu demorei beeem mais porque quis ler em inglês (Não é porque sou metida, é porque se eu não praticar nunca vou ficar boa, né?). Dei 5 estrelinhas no GoodReads. Se precisa de mais incentivo ainda, veja o que um jornal britânico (o Daily Mirror, mas isso não vem ao caso, vários outros como o Times e o Guardian fizeram críticas positivas) disse sobre ele (com o que eu concordo inteiramente):
[Nicholls] has both a very deft prose style and a great understanding of human emotion. His characterisation is utterly convincing... One Day is destined to be a modern classic.
O meu livro tem a imagem deste poster na capa.
[Observação absolutamente irrelevante: Drummond (meu gato) era menor quando eu estava lendo este livro e estava com os dentinhos crescendo. Saí do quarto um instante e quando eu voltei ele tinha usado  um pedaço da capa do livro de mastigador! Ai, meu estômago gelou... Que dó que me deu! :'( ]

    Agora, sobre o filme...
"Nunca julgue um livro pelo filme." A foto é daqui. Eu peguei aqui.
Ô, que frase mais certa! Infelizmente, achei o filme bem inferior ao livro. E não é aquela birra clássica de que faltaram cenas não, nisso até achei ele bem fiel. Mas acho que deixou a desejar muito em relação ao clima geral do livro. O livro é bem alto astral, esperançoso (apesar de você-que-já-leu,sabe-o-quê). Já o filme, quando acabou, Guilherme ficou com aquela cara de "Por que você faz isso comigo? :'( Eu gosto de ser uma pessoa feliz!" kkkkk Sério, foi tenso, rs. Eu fiquei olhando para a cara dele e disse: "Poxa, o livro é tão melhor..." Mas óbvio que depois de um filme  (triste, trágico) desses, eu nunca conseguirei fazer o bichinho chegar perto do livro. Pois é, "never judge a book by its movie"...

Para quem, ainda assim, se interessou pelo filme (ha ha) ou já leu o livro e não vai perder a oportunidade de ver o filme (apesar da minha chatice), fica aqui o trailer:

[P.S.: Taís, eu não coloquei a "quebra de página"! Não ficou enorme, não? Vocês, outros leitores, preferem quando tem que clicar para ver o texto todo ou quando o texto fica enorme na página principal do blog? Comentem! :D]

sexta-feira, 8 de março de 2013

Sobre o Dia Internacional da Mulher e o feminismo

     Hoje é Dia Internacional da Mulher. Então, deixe-me dizer umas coisinhas. Melhor do que homenagear ou dar flores, afinal de contas, é dar voz.

   Primeiro, eu queria dizer que nem sempre me considerei feminista. Faz bem pouco tempo que me considero, na verdade. Porque antes eu pensava: "peraí, eu posso frequentar a faculdade, ando por aí sozinha e escolho o que eu quero. Então tá tudo certo, né não? Esse negócio de feminismo é um exagero, a gente não precisa mais disso."

   Para a minha sorte (porque eu teria muita vergonha se tivesse sido diferente), eu nunca sofri do pensamento anacrônico de que não devemos nada às feministas. Não. Eu sabia que, graças a elas e não a governantes homens inspirados (!), que eu podia sair por aí sozinha, escolher o curso que eu queria e frequentar, votar, etc.

   Mas tem muita coisa errada no mundo, sim! E não é só uma questão de gênero/sexo, é também de cor, intolerância religiosa, etc. Por isso que, mesmo antes de me considerar feminista eu já me considerava igualitarista. Mas continuando nas questões feministas: oxe, por que as mulheres ganham menos? Por que tão poucos cargos de liderança? Por que mais bolsas para os homens que para as mulheres, nas universidades? Por que no máximo rachamos a conta, mas não podemos pagar? Por que tantas mulheres são estupradas e tão menos homens? Por que tantas mulheres que sofrem violência doméstica continuam em casa? É simplesmente uma escolha delas? Não, não é. Por que um cara manda matar a mãe do seu filho, dar fim ao corpo e pega só 22 anos de prisão? Isso não é monstruoso o suficiente? É isso que a Justiça brasileira vai dizer para o filho de Elisa? Se você acha que esse caso não tem nada a ver com machismo X feminismo, então você não sabe o suficiente sobre essas duas coisas.

   Ok, mas eu evoluí e agora sou feminista! Também não é só "agora", já faz uns dois anos, eu acho. Mas isso de ser feminista, aviso logo, é um processo: não é que num dia você é supermachista e no outro dia é superfeminista. Exige muita reflexão. Mas, para quem tiver preguiça de pesquisar por aí e/ou estiver com pressa de abrir a cabeça para essas coisas, no fim do post há um link muito massa! :)

   Alguns esclarecimentos são necessários (embora pareçam óbvios para quem já é feminista):
  1. Não só os homens são machistas; Nana-nina-não. Não mesmo. Claro, os homens são os principais "beneficiários" do machismo, mas que mulher nunca na vida reprovou a saia curta  daquela outra mulher? Se você nunca fez isso, que bom. É um ser mais evoluído que eu. Mas eu parei, porque, não, o fato dela estar com a bunda quase de fora não dá o direito a ninguém de passar a mão, de falar gracinha e nem de ficar encarando. Encarar demais uma pessoa é intimidação. Olhem este link de uma blogueira recém-descoberta por mim sobre as piriguetes. Não concordo com tudo que tá escrito ai, mas com muitas coisas, sim. E, particularmente, acho o nome piriguete péééssimo! Voltando... Ficar falando das roupas curtas ou insinuantes das outras é slut shaming. E isso é muito feio. (No link, um blog legal que denuncia o slut shaming. "Slut" é "vadia" é inglês.) [Observação: ainda acho que o pior machismo é o que vem dos homens! Mas eu voltarei a escrever sobre machismo.]
  2. O machismo não maltrata só as mulheres; Ei cara, sabe aquela última vez que você sofreu, sofreu muito, e não conseguiu chorar? Pois é, por que os homens não choram?! Nem venha me dizer que chorar é coisa de mulherzinha! O problema maior do machismo, a meu ver, é que regula TODA A SOCIEDADE. Sim, toda. Ele define um padrão de homem e um de mulher. E ai de quem sair destes padrões! "Homem não chora, homem é 'macho' (os gays sofrem muuito com machismo!), homem é corajoso. Arquitetura não é coisa de homem, moda é coisa de mulher, lugar de mulher é no fogão, mulher é delicada, tem que ser 'feminina' (que raios quer dizer isso?!)" Etc. Que tal um joguinho de quem consegue listar mais abobrinhas machistas nos comentários? :P
  3. Não só as mulheres são feministas; E vocês, carinhas que estiverem lendo, nem precisam ser altruístas para serem feministas! rs Afinal de contas, vocês se beneficiariam muito de romper com o machismo também. É legal poder beijar seu filho, pai, irmão E AMIGOS sem que isso levante suspeitas quanto à sua sexualidade, por exemplo. Mas, claro, nos beneficiamos mais. Aceitamos a ajuda de vocês, no  entanto. Ah. E pensem um pouquinho se não seria legal ter mulheres mais livres. Pensa aí comigo, você que é pai, irmão, marido, namorado etc.: não seria legal se as mulheres não precisassem sentir medo de ir até a academia com roupa de academia? Ou pudessem voltar tarde para casa sem sofrer um perigo maior do que o que os homens correm?

   Flores por flores, eu já comprei a minha e as da minha mãe, não precisa nos dar não, mas também, se quiser dar, flores sempre são bem-vindas! hahaha Adoramos :D "Parabéns", eu aceito de bom grado, afinal de contas, tenho muito orgulho de ser mulher. Mas se pudesse escolher, teria nascido homem, sim: é tão mais fácil. Mas tem ainda muita coisa que a gente gostaria de ganhar: que tal fazer coisas que o machismo considera "de mulher"? Que tal preparar o jantar? Ou "tomar para si a responsabilidade" (jargão do futebol vocês entendem, né? rs Ops, sou um pouco machista também, tá vendo?) da limpeza e organização da casa, sei lá, por uma semana? Mas tem que refletir sobre o presente e vê se ele realmente precisava ser um "presente". Ah! E quanto ao jantar: não, pagar um jantar não serve. Porque aí não é feminista, né?

   Por fim, se você quiser ME dar alguma coisa, eu sugiro o seguinte: leia este link aqui, todinho. Sim, pode ser aos poucos, eu espero. Dias, se for necessário. Mas leia, por favor. E o presente, é: que tal discutirmos as coisas que tem lá?

   Fiquem beeem a vontade nos comentários. :) E Feliz Dia da Mulher! Afinal, ser feliz a gente merece!

quarta-feira, 6 de março de 2013

"Terra Sonâmbula" de Mia Couto

     Mia Couto é amor, minha gente! <3


"Prazer, Mia Couto. Sim, eu sou homem." rs E eu, Luciana, já me arrependi de não ter ido autografar meu livro na Fliporto :(


   Eu li este livro no fim do ano passado e achei incrível, eu nunca tinha lido nada igual. O que eu mais gostei disparado foi da linguagem de Mia Couto, bem diferente. Me lembrou um pouquinho Drummond enquanto cronista, mas o Mia Couto não esconde de ninguém que o escritor brasileiro que mais o influenciou foi Guimarães Rosa. Quanto aos personagens, me apeguei ao menino Muidinga, achei ele meigo, achei bonito o relacionamento que ele constrói com Tuahir. Gostei também que a única fonta de "literatura" disponível para os dois é vista de forma tão positiva, uma forma de consolo em uma realidade tão dura.

   Quanto à escrita dele, é bem cheia de neologismos. Acho que esta é a marca principal que nos faz distingui-la. Mas ele não faz trocas banais de sufixos, como eu já vi por aí... Ele cria palavras, pelo que lembro, principalmente por fusão: obtém uma terceira que agrega o significado das anteriores e, às vezes, ainda dá a impressão de ser mais expressiva do que uma simples soma das duas. Enfim, uma coisa difícil de explicar assim, sem dar exemplos. E eu não quero procurá-los também porque fora do contexto em que são usadas, estas palavras não ficam a mesma coisa. A linguagem é tão gostosa que, se a história fosse chata, ainda assim, seria uma delícia de se ler. Fiquei com vontade de ler mais coisas de Mia Couto e também (de verdade, porque na escola li bem "safadamente" xD) "Primeiras Estórias" de Guimarães Rosa.

   Resumindo bastante (só para deixar vocês com vontade), Terra Sonâmbula conta a história de dois sobreviventes da guerra (civil, creio), o velho Tuahir e o menino Muidinga, que na verdade não se chama assim, ele foi batizado assim por Tuahir, que o resgatou e protegeu enquanto ele estava doente. A partir daí, os dois buscam continuar vivos e chegar a algum lugar seguro, mas, no caminho, também precisam descobrir quem são, e o relacionamento deles (que também está sendo construído) é importante neste processo. O livro é descrito por vários sites (dá um google) como um dos 12 livros africanos mais importantes do século XX (foi publicado em 1992).

   Interessante como acompanhar por tão pouco tempo esses dois personagens principais te mostra umas coisas sobre uma realidade tão distante da nossa. O autor não fica explorando a situação social africana, ela realmente não pode ser considerada personagem da trama, é apenas um pano de fundo mesmo. Mas eu me senti mais informada depois de ler o livro, mais "cidadã do mundo". Aliás, essa é a graça de ler, né não? Viajar sem sair do lugar. Eu queria partilhar com vocês dois trechinhos que eu li em um outro livro (que eu estou lendo para a monografia) sobre a situação da África. [O trecho era comparando a Índia com a África Subsaariana, mas o que eu quero é mostrar como isso (que foi escrito em 1999!) continua, infelizmente, tão atual:]
"Desde a independência, a Índia tem estado relativamente livre dos problemas da fome coletiva e também da guerra prolongada e em grande escala, problemas que periodicamente assolam numerosos países africanos. (...) Ademais, muitos países da África subsaariana têm tido experiências de declínio econômico -- em parte relacionadas a guerras, agitação e desordem política -- que dificultam particularmente a melhoria dos padrões de vida."
"A África também sofre com um ônus muito maior da dívida externa, que hoje é colossal. Há ainda a diferença advinda do fato de que os países africanos têm sido muito mais sujeitos a governos ditatoriais (...)."
[Do livro "Desenvolvimento como Liberdade" de Amartya Sen, Companhia das Letras. Edição de Bolso nas páginas 140 e 401.]

Voltando ao livro... Só para dar um gostinho, aqui vão algumas das minhas citações favoritas:
  1. "E ao ouvir os sonhos de Tuahir, com os ruídos da guerra por trás, ele vai pensando: 'não inventaram ainda uma pólvora suave, maneirosa, capaz de explodir os homens sem lhes matar. Uma pólvora que, em avessos serviços, gerasse mais vida. E do homem explodido nascessem os infinitos homens que lhes estão por dentro'." A minha preferida é esta. É a parte mais legal que eu lembro de já ter visto em um livro.
  2. "Ali ficou, mais grave que oração. Uma vontade me levava para ela, eu queria conhecer sua tristeza. E havia naquele corpo uma viuvez prematura que não provinha de morte falecida mas de desatento abandono de si. No momento me ocorreu colher flores selvagens e colocar nos pés do monumento. Só então a mulher ergueu os olhos, uns enormíssimos olhos que eu já havia visto em algum lado. Me contemplou um infinito. Depois voltou a entrar no negro de suas vestes, no abismo de seu silêncio. Acabei me retirando, intrigado. Em mim teimava a presença daquela mulher."
  3. "Afinal que moral era a dele? O administrador contrargumenta: ninguém vive de moral. Será, cara esposa, que a coerência lhe vai alimentar no futuro?"
  4. [Parte da resposta da esposa:] "Você, Estevão, é como uma hiena: só tem esperteza para as coisas mortas." p. 168-9.

terça-feira, 5 de março de 2013

Fevereiro 2013 - Livros

Genteee, faiô! rs Eu não li 3 livros este mês, nem 2,5! xD Estou bem metida nas coisas da monografia e o blog só tem tido fôlego porque eu gasto boa parte do tempo livre aqui. Mas as leituras mal se mexeram em fevereiro. (E provavelmente vão se mexer menos ainda em março, já que o prazo da monografia está terminando. Talvez eu nem poste os "livros lidos" deste mês, mas compenso em outros depois, quando eu for uma pessoa "livre".) De qualquer forma, eu ainda estou dentro "da meta" do Desafio Literário. O widget do desafio lá no GoodReads diz que eu ainda estou "on track". Tem ele aqui no layout do blog também, na parte de baixo da coluna da direita.

*
Observação: As ilustrações das capas dos livros não são as das versões que eu tenho aqui em casa. São as imagens que eu gosto mais, dentre as opções que o GoodReads dá para cada título. Quando tem a minha capa, eu seleciono. E, sim, esta é uma cópia clara e deslavada do layout dos posts de Desafio Literário que Carol faz lá no blog dela (cliquem!), o Desopilar. Leiam lá as opiniões dela, o blog é muito massa! Ah! Eu atualizei o post de Janeiro com as capinhas também. ;)

1As Intermitências da Morte - José Saramago
Esse eu terminei de ler bem no comecinho de fevereiro. É muuito legal, dei 4 estrelas no GoodReads ("really liked it"). O engraçado é que todo mundo acha, por causa desse título, que o livro vai ser deprimente ou vai ficar falando filosoficamente sobre a morte (a não ser quem já conhece o autor). Que naaada! O livro é leve, bem-humorado, ótimo! E se você estiver lendo, estiver no começo e pensar: "que nada, tá tudo chato", eu te digo, meu amigo: "calma, melhora!" Isso porque o começo é divertido sim, falando de como as "autoridades" nacionais ou fúnebres (rs) se relacionam com a morte, mas quando chega na segunda metade do livro, quando a morte em si passa a ser a personagem.... Aí é impagável, imbatível. E o final é muito massa. Tem que ler! Quem já é fã do autor deve achar este bem leve e agradável e quem não é... pode começar por este. Vi pela "blogosfera" que esse pode ser um livro bom para conhecer o autor exatamente pelo humor da narrativa. Fiquei com vontade de ler outros livros de Saramago.


2. El amor, las mujeres y la vida - Mario Benedetti
Este livro é... lindo! Com certeza volto depois para fazer uma resenha sobre ele,  vale demais! E olha que eu ainda estou na primeira metade. Isso porque eu paro a leitura e fico contemplando a beleza do que está escrito, faço carinho na página... xD. É bem assim mesmo... É, eu sou uma comédia. Eu sei. :P
[Coloquei o link do nome do autor para a versão em espanhol da Wikipedia, porque tem muito mais conteúdo, já que ele é uruguaio. Mas a página em português também tem umas coisinhas e dá pro gasto para quem não gosta de ler em espanhol.]

3. Pride and Prejudice - Jane Austen
 Estou no fim da primeira metade deste livro e ainda não sei se gosto dele... Isso é esquisito, mas eu sei a que se deve: estou achando a escrita dele bem irregular. Tem umas partes com um humor irônico super-agradáveis (que para mim são as melhores partes deste livro), mas tem também muito rancor nesta sociedade, rs. Sério, Elizabeth (que aparentemente era uma das úúúnicas moças pensantes do reino!) fica o tempo todo pensando mal do Sr. Darcy! Minha filha, desapega! Se ele é tão ruim, foca em outra coisa, oxe... Ok, ok... Quando eu terminar de lê-lo, aviso. Talvez eu até volte aqui para fazer uma resenha, mas não garanto, não... Depende de se eu vou achar ele um saco ou legalzinho. xD